domingo, 27 de dezembro de 2009

Promessa.


Cada 365 dias do seu ano, foi uma folhinha que se despedaçou, que como roupa ela ia usando e esticando ao sol. Um sorriso que ela deixou ser plantado, uma lágrima que ela deixou pra regar a tristeza que ia e vinha.
Agora esse tempo tá ficando antigo, esse sol de ano velho ta sumindo no horizonte cinza e vermelho de Dezembro, e já passa da hora dela ir recolhendo suas folhinhas deixadas no varal, de ir colhendo seus sorrisos, ainda pequenos, de ir secando suas lágrimas e deixando pra trás suas tristezas velhas.
Hora de juntar toda essa vida e colocar naquele baú que fica atrás da porta na consciência.
E hora de fazer a última faxina, tirar toda poeira, rearrumar a sala, jogar a cor da vida, e esperar perfumada esse ano que chega.

E correndo, porque já da pra vê-lo despontando no horizonte, lindo e límpido, ano que chega, com toda sua bagagem de novas esperanças, e nas mão o nosso punhado de novos sonhos e recomeços.

Feliz ano que começa!


"Me espera estou chegando com fome,
Preparando o campo e a alma pra as flores,
E quando ouvir alguém falar no meu nome,
Eu te juro que pode acreditar nos rumores.

Me espera amor que estou chegando,
Depois do inverno a vida em cores,
Me espera amor nossa temporada das flores..."

(Leoni)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

[...]



-Não me venha com falsas ilusões.
Por mais construtiva que seja, uma crítica é sempre uma crítica.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Das tristezas despercebidas


"Me mande mentalmente coisas boas. Estou tendo uns dias difíceis — mas nada, nada de grave."

(Caio F. Abreu)



Sentada ali. Olhando a tela em branco, buscando a palavra que não quer sair.
Ela. Sentada exatamente ali, imaginando mil e uns pingos pra nenhum i.
Olhando e buscando em volta, tentando achar desenhos em nuvens que ainda vão surgir.
Na solidão da sala, em frente a tela em branco, esperando surgir.

E derrepente, toda aquela angustia, que o peso das palavras não suporta mais,
Tudo que lhe aflige, ela decide em fim.
E os dedos fragéis, cansados de olhar o brancura da tela,
marcam no teclado, o ponto final.

Pra ela já chega, empurra a cadeira, só lhe resta ir dormir.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Promoção de Fim de Ano



Senhoras e Senhores,

Na troca de um ano vencido, por apenas mais um punhado de esperança não perecível, você leva um ano* cheinho, pronto pra novos recomeços.


* Promoção valida até 31/12.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Cansada.

"[..]Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...


E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...

Para mim só um grande, um profundo,

E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo, Cansaço... [..]"

(Perfeitamente, Pessoa)


Ando sentindo um cansaço que não tem tamanho.
Estou cansada dos dias infindáveis, dos relógios que desaprendem a passar as horas e do tempo que sempre parece estar do lado errado.
Cansada das filas intermináveis, das esperas continuas, das tristezas mascaradas e dos sorrisos desperdiçados, esquecidos no canto da sala.
Estou cansada dessas provas sem sentido, dessas buscas intermináveis, desse despropósito geral.
Cansada de vestir essa armadura pra ir a luta nessa festa a fantasia.
Cansada desse delírio, dessa urgência angustiante, de morrer na beira depois de chegar a lugar nenhum, cansada de ser sociável.
Eu tô cansada de ser consolada, de ser enganada ou me servir de apoio.
Eu to cansada de me sentir cansada.
Porque o que cansa e ter que acordar todos os dias tentando imaginar um jeito de quebrar essa grade que me impede de seguir meu caminho e construir meu mundo.
E por não suportar mais esse cansaço que me invade e que me toma,
Eu vou dormir.
Tenho que aprender a não medir forças com algo mais forte do que eu.
Apague as luzes, feche a porta ao sair.
Eu vou dormir.
Porque amanhã, eu vou transpor essa grade que me prende.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Pessimismo


Ás vezes não te dá a impressão de que sem querer, pegou carona no carro errado,
E agora não sabe mais pra onde vai, apenas que se distancia cada vez mais do lugar para o qual desejava estar indo?


"Eu conheço o medo de ir embora
O futuro agarra a sua mão
Será que é o trem que passou
Ou passou quem fica na estação?
Eu conheço o medo de ir embora
E nada que interessa se pode guardar
Lembra se puder
Se não der esqueça
De algum jeito vai passar.."

(Oswaldo Montenegro)

domingo, 6 de dezembro de 2009


Ela procura as palavras como um garimpeiro procura ouro entre as pedras de um rio.
E por mais que tente, não consegue dizer o que se passa lá dentro quando ele está ao seu lado.
Ele tem o dom de lhe tirar a fala, de misturar seus sentidos, de fazê-la perder o sentido e agir das mais variadas maneiras( E ele que o diga).
Com ela, ele deve ter a prendido a medir as palavras, e ela, com ele, a catalogar sorrisos.
Ele é seu ponto forte, quando segura firme a barra. Quando não deixa a insegurança dela, desatar os nós que enlaçaram juntos.
É seu ponto fraco, por quando ele falta, falta a cor do seu dia e seu sorriso não consegue encontrar a porta de saída e fica preso lá dentro.
Talvez não consiga nunca encontrar palavras pra descobrir o que sua presença lhe causa.
Mas sabe muito bem o tamanho do buraco que sua falta deixa.

"Sobra tanto espaço Dentro do abraço Falta tanta coisa pra dizer Que nunca consigo.." (Sobre tanta falta - Teatro)

Enquanto a chuva cai lá fora


"..Chove lá fora
E aqui tá tanto frio
Me dá vontade de saber...

Aonde está você?
Me telefona
Me Chama! Me Chama!
Me Chama!..."

( Lobão)




Gostava da cor do mundo quando chovia.
Quando chovia, ficava tudo cinza, tudo ficava triste e já não parecia que apenas ela se sentia sozinha.
Parecia que o mundo, enquanto chovia, ficava triste e lhe fazia companhia. E tristes, os dois, compartilhavam da mesma solidão.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ctrl C


"Por te falar eu te assustarei e te perderei? Mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia."

(Clarice Lispector)