domingo, 29 de novembro de 2015

Poeminha xulo

Os baralhos são distribuídos pela mesa.
Cartas dadas, 
jogadores  a postos. 
Se eu to no jogo,
Aposto. 

Aposto 
que 
não 
sei 
jogar. 

Se a banca quer ganhar
Eu, sozinha no jogo

Só. 

queria 
amar.

Mas
pra minha falta de sorte
Amor virou jogo se azar.

domingo, 15 de novembro de 2015

Vontade.

De ligar além do permitido.
De falar além do combinado.
De querer respostas pra perguntas que mal foram concebidas. 

Essa vontade.

de correr com o tempo, 
de pular etapas, 
de desentendimento. 

A balança que pende, 
sempre 
pro lado da loucura. 

Não há ninguém presente pra compensar meus excessos. 

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Amarga Maria

Outro dia Maria topou com a escuridão da vida. Coração turvou diante de tanta falta, porque pra onde Maria olhava, não via nada, faltada era tudo. E Maria pensava se agora ela não andava olhando despercebida pras coisas que faltavam, ou se a falta das coisas que ela sentia se devia ao fato de ter inventado tudo que via. Verdade era que Maria só via mentira por onde andava. E as vistas de Maria foram ficando cansadas, doídas, sentidas da verdade que via, sabe? E por mais que Maria chorasse, e como Maria chorava! Não tinha dor e água que limpasse a vista e desanuviasse penumbra que se estendia sobre os olhos de Maria. Cade vez que a triste da Maria olhava a feiura de fora, a feiura da tristeza se espelhava pro lado de dentro, e ia se entranhando no coração de Maria como fogo que pega em galho seco, quando não cai gota de chuva que seja sobre a esperança do povo. Coração de Maria secava a olhos vistos, e Maria não via. Mas num dia bandido e sofrido como outro qualquer, bateu um ventinho vadio de esperança fugido vindo de onde não sabe até hoje. Só se sabe que a tal da Maria fechou de vez os olhos e sentiu o vento, que vinha quente alegrar tanta tristeza. E foi é fácil pro vento se infiltrar em tanta rachadura que a secura da falta tinha deixado no coração seco da Maria. E como planície que inunda, Maria sentiu, quando tanto vazio se encheu do tal esperançoso vento. E quando isso aconteceu,  um tanto assim de gente cega viu que ela via sentindo e não que sentia vendo. O que fazia todo sentido, porque mesmo quando o mundo todo tentava cegar Maria, Maria é que sempre acabava cegando todo o mundo, sendo a Maria.