Mas a vida é má e nada romântica. Se poe a destruir sonhos de bobos que acham-se capazes de construir castelos de cartas em temporais. A vida é a mais brava de todos as ventanias. E ela logo percebeu que não se encaixava naquele mundo tão cinza, e real.
E ela caiu, uma, duas, três, incontáveis vezes. E chorou mais do que qualquer bêbado vendo o bar fechar as portas. Ela aprendeu a ser dura, e esconder tristezas e cobrar sorrisos. Ela queria esquecer todo e qualquer romantismo que ainda ousasse borbulhar em suas veias. Ela queria matar o mundo que obrigou seus sonhos a morrerem.
Mas ela não mudou. Por trás do seu ausente sorriso, seus olhos ainda brilham. E mesmo não querendo, e contra todas as improbabilidades da vida, ela ama. Ama rápido, e com a pressa de uma fugitiva. Ninguém pode saber que ela ama. Nem ela as vezes desconfia. Mas por trás de todas as palavras vazias de sentimentos que oferece aqueles que a cercam, há um resquício inapagável da sua mais ridícula e imortal fraqueza: ela ainda sabe amar.