segunda-feira, 23 de junho de 2014

Sobre.

Ela ainda não havia mudado muito, sabe. Não é tão rápido assim que se deixa de ser que se é. Ela foi moldada no romantismo daqueles poetas exagerados, a ver romantismo em cada canto da casa, da vida, das pessoas. Ela respirava amor e todo aquele amor utópico lhe transparecia. Ela não sabia viver de outra maneira que não romantizando cada suspiro.
Mas a vida é má e nada romântica. Se poe a destruir sonhos de bobos que acham-se capazes de construir castelos de cartas em temporais. A vida é a mais brava de todos as ventanias. E ela logo percebeu que não se encaixava naquele mundo tão cinza, e real.
E ela caiu, uma, duas, três, incontáveis vezes. E chorou mais do que qualquer bêbado vendo o bar fechar as portas. Ela aprendeu a ser dura, e esconder tristezas e cobrar sorrisos. Ela queria esquecer todo e qualquer romantismo que ainda ousasse borbulhar em suas veias. Ela queria matar o mundo que obrigou seus sonhos a morrerem.
Mas ela não mudou. Por trás do seu ausente sorriso, seus olhos ainda brilham. E mesmo não querendo, e contra todas as improbabilidades da vida, ela ama. Ama rápido, e com a pressa de uma fugitiva. Ninguém pode saber que ela ama. Nem ela as vezes desconfia. Mas por trás de todas as palavras vazias de sentimentos que oferece aqueles que a cercam, há um resquício inapagável da sua mais ridícula e imortal fraqueza: ela ainda sabe amar. 

domingo, 15 de junho de 2014

Jogue a toalha.

Perdoa a loucura e a falta de tato, mas desisti de mim, ok? Perdoa a desordem e os pedidos de desculpas. Mas me faz um favor? desisti de mim sim!
Desisti como eu desisti de você. Porque eu estou verdadeiramente cansada de precisar pedir desculpas por quem eu sou. Sim, sou tudo isso que você vê e não suporta. Cada centímetro de mim é um erro que você disse amar mas detesta. E eu não preciso me recompor ou me ajeitar. Eu só preciso aceitar que o maior dos meus erros foi você. 
Então chega disso. 
Assume que eu sou teu maior erro e você meu maior fracasso. 
E desisti. Como eu desisti de você, pra não ter que desistir de mim.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Conte um conto, e conte a solidão.

Enquanto tornava a encher seu copo pela décima vez, sentada sozinha naquela mesa de bar, pensava em como tudo tinha acontecido. Aquele definitvamente não era um bom dia para se estar sozinha. Mas com certeza não era bom o suficiente para se estar mal acompanhada. Ela já estava acostumada com essa sensação de que as pessoas que a rodeavam não era suficientes. Faltava algo, ou alguém que fizesse aquele melhor vestido rodado que estava vestindo valesse a pena de ser visto. Mas ela tinha feito de novo, isso de estar sozinha. Nem sempre a culpa dela, e ela sabe disso. Mas ainda assim, nesse dia, sentia-se pateticamente sozinha. Onde estaria aquilo que todos parecem ter, exceto ela? Ela estava ali, impecavelmente vestida pra ninguém. Nem mesmo pra si mesma. Não tinha ninguém. Nem paciência. Nem expectativa. Mas ela tinha um copo e uma garrafa interminavel de uisque. E bebia, sozinha, sentada numa mesa de bar. 
Era no fundo do copo, de gole em gole, que ela encontrava o amor.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Meu coração não é apenas um poço até aqui de magoa, como disse o poeta. É um caixa vermelha que todos os dias bombeia amor pros meu olhos e me faz ver a vida. Uma caixa onde eu guardo lembranças bonitas, ou não. Mas lembranças que me constroem e me definem.

Meu coração é uma caixa. Livre, aberta.
E é meu. E independentemente de tudo, bate.

domingo, 1 de junho de 2014

Que tudo passe.

E me ultrapasse.