segunda-feira, 27 de abril de 2015

Sobre aquele famoso vazio do peito.

Que Aperta. E aperta. E aperta. 

E  como saber o que dói a ponto de fazer falta quando nada te falta? O sol vive a te sorrir em dias tão azuis, tem braços prontos e a ponto de abraços ao teu redor, tem risos companheiros, a mesa tá farta, a vida corrida. E mesmo assim, algo te falta. O que falta? Se tens tudo? Nada. Um nada tão pequeno, e ainda assim, tão grande a ponto de comportar a falta gigante e apertar o peito. Nada te falta. E ainda assim tudo te dói. Que tudo é esse que cabe no nada? Que mundo estranho é esse que cabe na falta? Que falta é essa que se esconde na ausência do tudo? que tudo é esse, que não te serve pra nada, se ainda no tudo, faz falta? 

E de novo, aperta. E aperta. E aperta o peito. 
Deixemos pra lá, 
não é nada.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Repara na vida ao teu lado.

Mas repara com o cuidado e o carinho de quem aprecia e não julga. Repara as rugas nas testas e imagina que as aflições, ainda que por diferentes motivos, se parecem com as tuas. Nota com atenção os sorrisos discretos que passam ao teu lado, que ainda que não sejam pra ti, sorriem contigo. Presta atenção nos olhares - Como eu amo os olhares! Dizem tanto sem dizer. Nota como certos olhos sorriem. Nota como carregam sozinhos a tristeza que um rosto inteiro tenta esconder. Nota como, curiosos, desbravam o mundo a volta. Quantas histórias já viram os olhos que passam e te olham? Não perca seu tempo com o que não te interessa. Mas não deixe que a vida do outro passe despercebida. Note a presença. Note os suspiros. Note cada coração que bate ao teu lado quando cruzas uma esquina. Tudo deve ser notado. Sentido. Percebido. Não finja que não viu o feio, a dor, ou a miséria. Faz a existência do outro valer a pena, porque ainda que a primeira vista aquele alguém te pareça ninguém, ali existe uma vida que merece ser vista.
Deixa que teus olhos também sejam pontes. 
E abracem.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Olhe ao redor.
- está tudo rodando.

Olhe ao redor!
- está tudo girando.

Não olhe agora.
- porque?

Está desmoronando.

domingo, 5 de abril de 2015

Ando cheia de rimas pobres.

-Tudo inútil.

Hoje eu só quero rimar palavras cruéis.
E crueldade não rima.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Era mar de amar e tudo que ela fazia, era nadar em duvidas. 
Entre o céu e o fundo, mergulhava, afundava. 
Imergia em coisas que não sabia. Se afogava no que achava saber. 
O mar era fundo. E o amar também. 
E bem no fundo, de nada sabia.

Tarde demais pra pedir socorro?  

O barco flutua. A mente também. No mar só há duvidas.. 
O céu acima do mar é incerto, assim como o tempo. 
De certeza só o horizonte. E a corda que te puxa. 
 
Pegue a corda.
Aquela que te salva ainda é a mesma que te enforca.
Pegue, acorda. 
Aquilo que se ama ainda é o mesmo que te sufoca.