quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Coisas da minha mãe.

Liguei pra minha mãe, angustiada. Cheia de coisa por dizer, cheia dos medos, das duvidas, das preocupações. Ela ouviu, paciente. E quando eu terminei de botar pra fora ela começou a falar sobre rios. E eu ri. "Mas mãe, se a vida é um rio eu tô me afogando." "Então te afoga, filha" ela disse.  Ri de novo, e ela riu, sobre o rio. Ela disse pra eu me afogar, porque eu precisava parar de me debater na superfície das coisas, do tempo. Eu devia me afogar, ir a fundo. "Esqueceu como você nada?" ela me perguntou. "Como eu nado?" perguntei, achando que o nada que ela se referia era o vazio de alguma coisa que eu me encontrava no momento. "Sim, você nada por baixo. Nunca foi boa em dar braçadas por cima da agua. Respirava, mergulhava e quando a gente via, estava lá na frente. Sumia em baixo da agua e depois aparecia, cheia de orgulho". Eu tinha me esquecido. Ela estava me lembrando de como eu nadava e dizendo que eu precisava imergir nesse rio. Por baixo. Mesmo pra baixo. Porque eu ia aparecer lá frente, hora ou outra. "Agora vai lá. Fostes criada nesse rio. Filha minha não desiste, nada." "Porque eu sou o rio" eu disse. "Claro que tu sorri, menina" Brincou com as palavras. Eu ri. Ela riu. E o riso fluiu.

Mais do menos da Maria.

Nossa Maria tem pensado na vida. E pensa que pensa mais na vida que a vida anda pensando nela. Pensa quando vê o quanto a vida não anda olhando pra ela. E por isso Maria anda cabisbaixa, esquecida, achando que a vida andou esquecendo de iluminar os dias de Maria. 
Maria andou pensando esses dias que tá na hora de mostrar outro lado de Maria. Que aquele lado todo mundo já viu. Quem sabe a vida cansou, e cansada virou as costas e por isso não sorri mais pra ela, se encheu de pergunta a Maria. Porque a Maria minha gente, sorriu e riu e morreu de mostrar os dentes, cheia de graça pra sem graça da vida. 
Mas sorri tanto é trabalhoso e cansa, né Maria?
É, a gente sabe. Ainda mais quando não tratam de notar a gente. 
Só que a Maria, de tanto "ignoramento",  de tanto pensar, se emburrou feito criança e trancou o sorriso pro lado de dentro.
Ah menina Maria, não se pode fazer tolice desse jeito não, que a vida também sabe ser birrenta. 
Mas não desiste não, Maria. Desiste não e mostra teu jeito de Maria, que a vida se apaixonada de novo, talvez. 
E aprende que dessa vida a gente só pode levar amor. E quando ela amarga, é só desculpa pra provar o doce do amor de Maria.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Sabe, o ano já está quase no fim. E esse ano foi tanta coisa. Pra mim, pra ti, pra nós dois. Ele termina totalmente diferente de como começou. Conseguimos deixar para trás toda aquela magoa. Toda aquela angustia. Verdade que ainda tem um pouco de medo do que vem pela frente. Mas é mais expectativa que medo, pra te dizer a verdade.
Se eu quero que dê certo? Quero mesmo. E muito. Quero poder te apresentar pro meus pais e dizer cheia de orgulho pra todos, olha, esse é o meu namorado. Quero status de apaixonada. Ver filme no cinema ou no sofá. Te visitar aos domingos. Levar pão de queijo pra comer com a tua mãe, minha sogra. Rir das tuas coisas com a minha cunhada, ou ver meu irmão te convencer a jogar video game com ele. Quero ser feliz contigo. Te beijar todos os dias e me despedir sabendo que te verei pela manhã, e que vais segurar minha mão sempre que caminhar ao meu lado. Quero isso. Espero por isso. 
Mas o que eu queria te dizer, antes que deixemos esse ano pra entrar no nosso ano de possibilidades, é que ainda que nada disso se realize, que ainda que nos tornemos meros conhecidos, que a tua mão apenas cumprimente a minha pelo caminho, ainda que nada do que esperamos aconteça, me fizestes feliz. E me fizeste diferente. 
Por tua culpa, sei o que esperar do amor. Porque sem querer, me ensinastes a não me contentar apenar em não querer ficar sozinha. Me fizestes ver como um grande amor pode ser, e que quando é amor, é suficiente. Me ensinastes a dar meu melhor pro amor. A acreditar, a merecer.
Mas que tudo, me fizestes ver que o amor é possível sim. Porque até antes de ti, eu confundia amor com outras coisas e me machucava. 
E eu sou mais que grata por me fazer notar o amor. Ainda que todo amor só seja eterno enquanto dure, eu te amo hoje. Com toda eternidade incerta do amanhã, eu tenho certeza do amor que sinto. E por isso, sou grata.
D. 


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Um infinito deserto
Cansado da própria imensidão.

Eis um retrato
do meu coração.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Consenso

Olha, eu tenho que te dizer que não posso fazer nada sobre a distancia tão grande. Não posso fazer nada sobre o tempo que ainda falta pra passar. Não posso fazer nada sobre tua solidão. Muito menos sobre as outras mãos que podem vir a segurar as tuas. Não posso fazer nada sobre a falta de interesse, ou sobre a preguiça. Não posso fazer nada sobre tudo que não conheço. Não posso sequer conhecer. 
Não há nada que eu possa fazer. 
E sinto te dizer, que nada podes fazer sobre meu coração que te quer. Não podes fazer nada sobre essa certeza de amor que tem - ainda que ainda só no meu, peito. Nada podes fazer sobre a minha saudade.
Nada podes fazer. 
Mas podes saber, que o meu amor é teu. Até onde não se pode prever.
A verdade é que eu fico olhando tua vida, trancada do lado de fora, na procura de algum espaço onde eu ainda caiba.
Te vejo construindo uma vida e te cercando de pessoas que não conheço ou que não me interesso, me perguntando se um dia acharei alguma brecha nesse teu novo circulo. 
 Mas eu não acho. E permaneço do lado de fora.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Sobre uns sonhos.

Acordar pela manhã, vestir aquela tua camisa listrada que eu tanto gosto, e ir encostar a cabeça no teu colo, enquanto assistes um desenho idiota qualquer, num dia preguiçoso de domingo.

Seria amor.
Seriamos.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Mãe,

Essa semana que passou foi difícil. Sua filha andou meio perdida da vida, do tempo, meio alheia tudo. Teve uns momentos de choro, mãe. Não sei se foi fraqueza, ou só um desabafo tremendo de quem tava com o peito pra estourar de coisa. Porque mãe, eu não sei. Eu olho pro céu e ele tem me parecido tão escuro! Pode ser culpa do frio, do tempo novo que muda e eu não me acostumo, mas mãe, eu me senti sozinha. E eu pensei em vocês ai, no papai com seus discos, no abraço briguento do mano, e eu quis teu colo mãe. Senti falta do teu olhar protetor sobre mim, das conversas silenciosas que sempre tivemos, onde nunca foi preciso um único suspiro pra saberes que tua filha não estava bem. 
Essa semana foi tão difícil mãe! E eu não pude te ligar, porque fiquei com medo do outro lado da linha, sentires o quanto eu não estava bem e se preocupar. Eu não quis te preocupar mãe, mas essa semana eu quis colo e você deve ter sentido. Eu quis deitar contigo naquela rede da sala, e me deixar embalar pelo calor do teu abraço e das historias tão cheias de risadas. Porque mãe, no meio do meu infinito pessimismo, sempre fostes a parte confiante de mim. Meu lado otimista. 
Essa semana pesou aqui dentro, mãe. E eu quis mesmo desistir disso tudo. Tive a impressão de que andei me afastando de tudo e de todos e já não sabia bem quem era eu nisso tudo. A solidão me abraçou, mãe, e eu não soube o que fazer.
Faltou coragem de ligar e dizer que a tua menina precisava de abrigo. Porque essa semana, ah mãe! Eu não consegui lidar. 
Pode ter sido o tempo. Te contei que tá frio? Eu quis ser cuidada, mãe. Eu precisei daquele calor que só acho no teu jeito bobo. Teu jeito tão único de ver tudo. Sempre achando soluções pra mim, como se tristeza nenhuma fosse maior do que a tua certeza que um dia tudo dá certo. 
Essa semana mãe, eu busquei em mim cada pedacinho teu. E te encontrei mais do que imaginava. Alem dos meus olhos, ou da cor dos meus cabelos, eu vi cada pedacinho de historia que me contava, cada musica que me entoavas fazer sentido. Colhi todos os teus conselhos mãe. E ando tentando ser melhor.

Eu não te liguei, mãe. Porque essa semana foi difícil, e eu quis fazer tua menina crescer. 

Com todo amor do mundo,
D.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O tempo é mal e anda com raiva. Mas ainda é o único que me abraça.

Sentido.

- Queria saber ser feliz na ausência.
- Tua ou do outro?
- Faz diferença?
- Faz?
- Faz.
- Talvez faça.
- Talvez?
- Se não tiver um talvez, então já podes ser feliz. Não acha?
- Talvez.
- É..talvez.
- Mas..
- Mas..?
- E se o talvez for a ausência?
- De certeza é. Isso eu sei.
- Com certeza?
- Eu acho.
- Então tá. Eu queria ser feliz no talvez.
- Teu ou do outro?
- Da vida.

domingo, 30 de novembro de 2014

Sobre o Seu Zé.

Dai a nossa Maria conheceu seu Zé. Seu Zé sempre quis ser alguém. Ate que percebeu o que todo mundo já sabe a anos, que todo Zé nasce ninguém. Foi ai que Seu Zé cansou de tentar ser alguma coisa e decidiu que ia ser era coisa nenhuma. Bem, pelo menos foi isso que o Seu Zé disse pra Maria. E Maria como era Maria, fez só acreditar e aceitar o ninguém que havia na pessoa do Seu Zé.
Semana passada, Seu Zé, também conhecido como ninguém, decidiu que ia abrir uma quitanda naquela esquina famosa, sabe? Aquela uma, que todo mundo quer virar e encontrar o que tanto procura. Seu Zé disse, dizendo Maria, que já que ele não ia ser alguém ia era ser o ninguém que todo mundo procura. E ia vender na sua venda o que ninguém queria.
A Maria, já que não queria coisa alguma foi la com Seu Zé comprar alguma coisa. E perguntou pra ele o que tinha.
Zé disse que amor não tinha. Nem saudade. Nem diabo de falta nenhuma porque tava faltando era tudo, já que tudo era o que todo mundo queria. E ele disse pra Maria que só o que tinha era preguiça.
Quê que a maria fez? Maria aceitou, ué. Tava com preguiça.

sábado, 29 de novembro de 2014

Conversas de mesa de bar.

- Sabe qual é o teu problema, menina? Deixa eu te contar. Não é que tu penses demais. Porque se tu parares para pensar, não tem como desligar o pensamento, tem? O teu problema é que tu pensa demais nas coisas erradas. Entende? Mas vê bem. Não to dizendo que certo seja coisas boas. Tu não és nenhuma Piaf pra ficar pensando na vida em cor de rosa todo tempo. Pensa nisso. Ou não pensa. Só bebe logo isso ai pra gente pedir outra.
 
Ela refletiu por segundos. E então virou o copo.
Cansei de mim. Quero ir embora. Como faz?

Eu, Pangeia.

Haviam barreiras, mas não havia distancia. Se os desentendimentos criassem vãos, os abraços poderiam a qualquer minuto se fazer de pontes e refazer ligações. Nada estava perdido, ou desencontrado. Mesmo quando ilha, havia amor a vista.

Mas então, deixando apenas de ambos os lados, o contorno do que um dia foi um encaixe perfeito, as coisas partiram-se ao meio, fragmentadas pelas diferenças. Enquanto oceanos de coisas mal resolvidas surgiam e aprofundavam distancias.
E de repente, não haviam mais pontes. Não havia mais abraço. Não havia mais sorrisos. Eram apenas 9,661 km reais. E incontáveis km de coisas imperceptíveis.
 
Olhar além, e perder-se na imensidão azul do que ainda estava por vir, sem saber se haveriam braços de espera para ancorar, dava medo. 
Mas, se não houvesse coragem para encarar de frente o (a) mar, corria-se o risco de continuarem a ser sempre, apenas continentes, ilhados na própria solidão.

Das coisas que li e que ficam.

"Deixo-te livre, de qualquer promessa que fizestes para mim. Deixo-te livre, de qualquer saudades que possas vir a ter. Deixo-te livre, de qualquer coisa que te ligue a mim. Deixo-te livre, de todas as risadas, brincadeiras e olhares que tivemos. Deixo-te livre de tudo. Afinal, já era hora. Já estava na hora de deixar de criar esperanças, de encontrar rimas em versos que não combinam. Deixo-te livre, do nosso “se”, do nosso talvez, do nosso “algo” que nunca irá existir. Deixo-te livre de nós."

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Hoje tem medo, no menu.

O que eu faço se eu tiver pego uma estrada que apenas contorna a tua? O que digo para mim quando descobrir que meus passos, que caminham na esperança de um dia acompanhar os teus, na verdade caminham para longe de ti? Como eu ajo, se minhas decisões me transformarem em alguma desconhecida aos teus olhos? Pelo que eu choro, se eu te desconhecer? Pra quem eu olho, se meus olhos foram incapaz de enxergar os teus?  Com quem eu falo, se a frequência das minhas inseguranças começarem a incomodar teus ouvidos?O que eu tomo, se a tua ausência gritar nos meus? Onde eu me escondo, se eu não puder me afogar no mesmo copo? Onde eu enterro o corpo, se o nosso amor morrer pelo caminho? Por qual dos dois corações eu rezo, se a magoa chegar sem aviso? E se tiver aviso, quem eu aviso?




O que eu faço de mim, se um dia eu for só minha?

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sobre um estado de raiva.

Eu devo ser a criatura mais pateticamente patética desse planeta insano. E olha que, como tantos seres humanos ridiculamente patéticos, pra eu ganhar esse posto, então amigo, eu devo ter excedido todos os graus imagináveis, que até o maior termômetro de estupidez humana, se um dia inventado, seria incapaz de quantificar a inigualável capacidade do meu ser de ser tão incrivelmente burra nesse mundo.

domingo, 16 de novembro de 2014

Emenda.

E não vim pra esse mundo com paciência suficiente pra aguentar essa vida que me testa a todo instante a qualquer custo. Sempre dois caminhos, todo o tempo. Duas escolhas, o tempo todo. Pessoas, destinos, tudo a merda dessa vida me dá em dobro. Como se toda minha historia fosse parte de um programa de quinta, mal escrito e que ninguém assiste, baseado numa surreal jogada de cara ou coroa, da qual depende minha vida. Uma puta duma sacanagem. 
Mas ai veio você. E pela primeira vez eu não quis mais viver no meio de nada. Troquei a corda bamba do circo que era a minha vida pelo o atirador de facas. Quis ser o alvo. Teu alvo. Abri os olhos enquanto tu me atirava teus despropósitos com a certeza infinita de que era o teu risco que eu queria. E a aquela faca me acertou em cheio. Mas palhaço de circo não é feliz. Quando já não tinha mais caminhos pra me dividir, veio a vida e me dividiu ao meio. E você, sempre tão inteiro, não quis e nem pode arcar com o peso das minhas metades. E eu, apesar de certa, partida, tive que partir sem você. 
Agora tenho duas metades. Parte Pierrot, parte Arlequim. Parte que sorri, ri e aproveita a vida. Parte que sufoca a risada, aos gritos. 
Ambas, apaixonadas por ti.

(a Mar)ia.

Agora a doida da Maria disse que ama. Sentiu um formigamento no peito, e disse aos quatro ventos que era amor. Ai Maria, o que tu sabe do amor, menina? Maria pensa que palavra de amor é feito semente que a gente joga no vento e vai florescer em algum peito. No peito da Maria ainda não teve terra queimando, secando ao sol do desprezo. 
E Maria ainda diz que sentiu aquele ventinho na barriga, da tal das borboletas. Foi porque ainda não deu tempo da falta de amor roncar na barriga da Maria. E ela, pessoas, diz que quer dar pro menino amor as suas horas, seus dias. Nunca viu seu relógio parar na angustia da espera, a Maria. Mas quem disse que a Maria liga? Liga é pra ele, a coitada. Liga de noite e dia. Porque ligou o coração e desligou a memoria. 
E alguém, pelo amor de Maria, diz alguma coisa? Diz é nada não, minha gente. Deixa Maria encher do amor. Que com sorte, Maria chove amor na secura da gente.
Sem sentir, abraça, sem sentido, o perdido.
E corre
Para além do possível, insensível.
A tudo que dizem,
previsível.
E escolhe a ausência,
ao grito.

Cansou de chamar em vão.

domingo, 9 de novembro de 2014

Pintei meu guarda chuva de amarelo, pra ser tua menina. Mas na primeira chuva, ele desbotou.

sábado, 8 de novembro de 2014

Eu quero que o amor me tome inteira. Pra que eu possa ser, por inteira, amor. Seja de repente ou de sobre aviso. Apenas quero que ele tome todos os meus dias, inunde minhas horas e transborde em meus pensamentos. Seja o ar venenoso que enche meus pulmões de vida, até quando me mata. Invada cada centímentro do meu corpo, de modo que até as milimétricas gotas do meu suor sejam transpiros de amor. Quero que o amor me destrua. Me arranque de todos os medos que me prendem ao chão. Que me sustentam. Ainda que depois que ele se vá, eu morra a mingua, como um galho seco. Mas antes disso, quero que o amor me floresça. Que suas raízes tomem lugar em minhas veias, percorram meu corpo e me dilacerem, de dentro pra fora. Que o amor me corte por inteiro. E faça sangrar cada parte desta casa inabitável que sou sem ele. Faça morada. Me torne um lar. Quero que o amor me faça abrir os braços e desobrigada, ser abrigo, mesmo estando eu, desabrigada.
Que ele faça da minha existência o que entender. Porque eu não me pertenço. Porque fiz dele meu rosto, meu nome, minha identidade.
E parti.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Ei,

Você me confunde. E me deixa perdida. Eu nunca sei o que fazer, quando se trata de ti. Não sei quando é suficiente. Não sei quando passou do limite. Não sei quando importa, quanto importa. Se importa alguma coisa. Eu não sei de nada.
Eu sei que eu to aqui. E você ai. E você é a única coisa que me faz estar em outro lugar. Já disse tantas vezes o que sinto, que quando falo, parece palavra estranha na minha boca. Tipo quando a gente repete a mesma palavra varias e varias vezes, ate ela perder o sentido e ficar meio estranha. Tipo o que eu sinto. 
Se você me perguntasse o que eu sinto, o que eu quero, eu te diria mais uma vez, tudo que ja repeti tantas vezes. Mas no momento, eu não sou suficiente pra você. Nem pra mim talvez, porque me sinto pausada no tempo da minha Propria vida. Vivendo algo que não me pertence. 
Voce não entende. Ou talvez entenda. Vai saber. Só você mesmo. Porque se tem coisa mais difícil nessa vida é saber o que pensas. Eu posso dizer que horas aquele ônibus mais imprevisivel vai passar. Mas eu não posso dizer o que você sente. Por mais que eu queira acreditar no melhor. É 50\50 não é? Tem sempre a chance de eu estar errada. Ou certa. 
Mas eles me dizem, todos eles, que és inconstante, desapegado, que não sentes nada. Tudo invenção minha. O sentimento todo. Mas eles não sabem de nada. Ou sabem? estarão eles errados ou eu, me fazendo de cega?
A verdade, a verdade é que você me bagunça inteira. Deixa meu peito um zona. E só você pode arrumar. Mas eu nunca sei se você saiu pra respirar ou se bateu a porta com força pra nunca mais voltar. Eu não sei. E esse não saber machuca, sabe? 
Eu não sei se eu deveria ir de vez, mesmo querendo ficar. Porque eu tenho um medo filha da puta de não saber seguir em frente. Seguir eu sei. Mas sem você? Eu não sei. 
Ainda tenho aquela sensação que eu estraguei tudo indo embora. De que seriamos felizes. De que a culpa foi minha. Que eu fiz tudo errado. Será possível que o amor seja pra valer só de um lado? se não, o que diabos é isso que eu sinto?
Não sei. Só que essa bosta de sentimento não passa. E, ou eu sou muito burra, ou eu sou muito burra.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Maria.

Maria pensa. Pensa que sabe. Pensa que é livre. Pensa que pensa. Pobre Maria. Ninguém disse pra ela que nesses dias de hoje não tem mais espaço pra pensamento nenhum. Ainda mais os coloridos de Maria. Porque a Maria, a Maria pinta e borda. Pensa que a vida é alegre. Coitada da Maria. Nunca teve seus dias tingidos pela escala de cinza da vida. Ainda, né Maria?
Mas Maria é teimosa. Oh, Maria! cismou de sorrir docemente pros dias. Justificavel. Maria, minha gente, nunca teve o sorriso amargado pelo azedo das horas que haverão de vir. Não dá pena, da Maria?
E Maria ainda dança! Acredita? Mesmo a gente falando, Maria, toma tento na vida. Quem dança uma hora troca os pés e tropeça. Ou leva rasteira. Mas quem disse que Maria escuta? Diz que tem musica alegre tocando na cabeça. Ainda não ficou surda de gritar desaforos pra vida, a Maria.
Maria faz tudo errado nessa vida. Maria pensa, dança, canta, sorri. Quer viver, a tal da Maria. Ninguém diz pra ela que nessa vida, não se vive, Maria! Só sobrevive. Mas é muita Maria dentro da Maria. Tanto que ela não consegue conter. E quando não tem ninguém pra sorrir, ela sorri pra ela mesma, de Maria pra Maria. Feito presente. 
O que se faz com a pobre feliz menina Maria? Faz nada não. Uma hora a vida ensina. Ou aprende com ela. Deus queira. 
E tudo vira Maria.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Uma raiva de leve de mim. Da vida. Do tempo. De tudo.

Absurdos.

Sim, é isso mesmo. Hoje eu acordei querendo me doer. Quis imaginar tudo, absolutamente tudo que fosse possível de imaginar sobre nós. O primeiro mês. A primeira verdadeiramente vez. O primeiro aniversário. Os anos! As festas acompanhados. As fotografias. Os abraços.Os beijos trocados, dados, roubados, forçados. As ausências. As brigas diversas. A falta. Um fim. 
Pensei em tudo. O dia inteiro. Porque eu estou cansada de pensar sobre isso. Sobre como poderia, deveria ter sido e não foi. Eu gastei mais um dia da minha vida pensando se algum momento da sua, você pensa em mim um terço do que eu penso em você. E quer saber? É muito amor pra lidar sim. Eu te sufoquei. Eu exigi demais até de mim. Mas e dai? Era amor. Existe medida? Era amor!  Era ou é, nem sei mais. Já perdi a conta de quantas vezes eu disse isso. Perdi a vez, você perdeu, me perdeu, te perdi. Perdemos. Foda-se. 
Eu pensei sobre isso demais. Acaba comigo. Me tira os espaços da vida. Me deixa um vazio, uma culpa, um arrependimento. E se era pra pensar, eu pensei. Pensei em tudo. Vivi cada segundo dessa insanidade na minha cabeça. Hoje. E ainda tem mais. Deve ter ainda muito. E talvez não passe, ou passe, ou sabe deus. 
Mas eu me esgotei de pensar, hoje. E amanhã, olha, juro pra você que amanha, pelo menos, não pensarei. 
E depois ah, depois a gente vê.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Conversa.

Já pensou como teria sido, sabe, a gente? Tenho certeza que sim. Eu sei que não era só eu que sentia aquelas coisas todas. Eu lembro de você me olhar. Lembra? E de sorrir, bobo. Eu lembro de chorar. Muito e diversas vezes. Lembro de ti também, chorando. As vezes comigo, outras por mim. Culpa minha. Minha? Sempre quis pensar que sim. Não quis admitir que falhamos, ambos. Mesmo no meu momento de amor mais egoísta, quis pegar pra mim até a culpa, entende? Te dei tantas duvidas, não dei? Pensei que elas eram só minhas. Que boba. Bobos. Era tua primeira tentativa. E parecia a minha também. Te assustei, não foi? Não sei o que deu em mim. Nunca tinha sentido isso. Tu era tão diferente. Éramos. E era tão esquisito, sermos tão fáceis e tão difíceis. Mas era amor. Acredita? Era amor. É. Me perdoa? Não devia acabar assim. E acabou. Não acabou? Não? Eu sei que sim e sinto que não. Você também, né? É, eu sei. Deixa pra lá. Outra hora a gente conversa. Não esquece de mim, viu? Também. Também amo você. Sim, sempre.
Até.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

De umas rimas pobres.

Era tanto amor, que não cabia.
E de tão ser só, padecia.

Estava ali e nada havia.
Só, em si, sentia.

Nada era completo, via.
E em vão, mais que vã, vivia.

No poço fundo do que sentia,
Muda estava e calada, se escondia.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Tenho medo da confusão que tá aqui dentro.

Das coisas que te digo em silencio.

Tem horas que tem tanto amor aqui dentro que eu não sei o que fazer com ele. Eu lembro incessantemente de ti, e de como eramos juntos. Não pense que eu esqueci todas as magoas, todos os choros, eles continuam aqui. E eu lembro perfeitamente cada um deles. Mas sabe, eles não me importam nem por um segundo.
Tem dias que eu acordo e, olha, quero que tudo SE DANE! Essa distancia, essa insegurança, esse medo de não ser mais tua. Quero que se exploda tudo que nos separa e todo que te impede de me ouvir gritar por ai que eu te amo. 
Porque, CARALHO, eu te amo. E como eu te amo. 
Nunca fui tanto de uma pessoa como sou tua. E eu queria mais que tudo, ainda ser tua. Fazer parte dos teus dias, te ver errar na vida e comigo, mesmo me sentindo impotente diante da tua inconstância, porque tudo parece tão justificável quando eu te olho, ou inexplicavelmente calmo, quando eu te escuto. Eu queria levar essa vida contigo, mesmo com todos os riscos. 
Quantas vezes eu vou precisar dizer que eu aceito? Aceito o medo de dar tudo errado e perdemos tempo, porque esse tempo é feito pra perder não é? deixa então eu me perder contigo e não de ti. Porque mesmo sabendo caminhar sozinha, eu queria muito, muito que tu me deixasse tropeçar contigo. E eu seria a pessoa mais feliz do mundo, mesmo que depois da queda, eu terminasse cheia de lama.  Queria ter a chance de te odiar mais um pouquinho, e te amar mais e mais, como sempre acontece.
Eu sinto a saudade mais absurda do planeta. E de tudo. Tanta que dá uma vontade ridícula de te mandar parar de ser idiota e assumir o que sente por mim. E embarcar nesse barco louco e furado comigo. Mas que BOSTA! Porque eu sei que é insanidade demais pra ti, naufragar comigo nessa distancia toda!
E no meio dessa loucura toda eu fico aqui me afogando sozinha nesse sentimento todo, vendo você pedir abrigo pra deus e o mundo, tentado se esconder de mim. E enquanto você corre pra outros braços, eu só queria poder correr pra ti quando bem entendesse e te fazer de escudo pra essa carência que me toma quando eu penso em ti. 
E eu penso. PUTA MERDA. Eu penso demais. Todos os dias. No que eu poderia ter sido pra ti, se eu continuasse ai. No que eu poderia ser pra ti, se mesmo aqui, você tivesse me deixado permanecer. No que somos e no que poderemos ser, quando pararmos de fingir que não importa mais. Porque, PORRA, importa demais. Não sei pra ti, mas pra mim, chega a ser angustiante guardar tudo isso aqui dentro. 

Mas eu guardo. 

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Confesso.

Eu fecho os olhos para te beijar e, como quem trapaceia num jogo de cartas, por dois segundos eu os abro.  Só pra observar, anonimamente, os teus olhos cerrados, entregues e aquele quase sorriso que me deixa boba.

Pra que, sorrindo, eu continue o beijo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Das coisas que li e guardo comigo.



"e de novo então me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és.."

Caio Fernando Abreu - A beira do mar aberto

Só mais um punhado de clichês e pensamentos aleatórios.

Então eu fui sentar naquela praça próxima a universidade, quando acabaram as aulas. Colocar a playlist no aleatório, sentar e ver as folhas amarelinhas caírem, o que aparentemente, se tornou meu esporte favorito de outono. E eu só fiquei lá, entende, vendo as pessoas passando e as folhas correndo do vento. 
Entre um pensamento, observando o tempo colorir aquele lugar lindo eu me dei conta de como eu sou apaixonada por Budapeste. De como eu sou apaixonada por tudo na verdade. Eu me apaixono tão fácil. E sei lá, eu não tenho um critério. 
Eu fiquei lá pensando que nada me impede de me apaixonar por aquele cara que passa distraído olhando o celular, ou aquele outro que ia apressado, com uma sacola de compras. 
Eu me apaixonaria pelo saxofonista que toca todas as semanas, na parada do tram em frente ao meu prédio enquanto espera? Ou o vendedor da padaria, que não fala uma palavra de inglês, mas me dá um sorriso sincero, quando eu improviso meu húngaro fajuto? 
Talvez. Talvez eu me apaixonasse pelo cara que entrega panfletos da loja de mel na esquina, que sabe que eu pego esses mesmos panfletos todos os dias (Será que ele sabe, que eu espero virar a esquina pra joga-los no lixo, como se isso magoasse ele?). Quem sabe.
Quem sabe eu me apaixonasse pelo fiscal do metro, que eu sempre cumprimento, porque ele sempre me parece tão triste! Ou pelo atendente do sebo, que uma vez por semana eu faço procurar milhares de livros, mas que quase nunca se irrita por eu não levar nenhum (quase nunca!).
Sabe, a verdade é que eu seria capaz de me apaixonar por qualquer pessoa que se desse ao trabalho de ser gentil comigo, porque é incrivelmente fácil me desarmar com um sorriso, sabe? 
Eu fico ligeiramente encantada com quem não me nega ou sorriso e ainda mais com quem me dá um de graça - como isso fosse coisa de outra mundo. E as vezes é, acredite.
Eu sei lá, é que essa tarde, lá na praça, eu percebi que, ao contrario do que eu pensava, eu poderia me apaixonar por qualquer pessoa, e que provavelmente, eu vou. E pela pessoa mais improvável do planeta, porque eu sou assim.

Por enquanto, é só deixar o tempo passar. E quem sabe?


Fica tocando na minha cabeça

Quem garante
Que o que você é
É o que o outro espera de você?
Distante
O que você me diz do que eu sinto
Não sei porque.
O que você me diz do que eu sinto
Não sei porque.
Quem garante
Que seguindo adiante eu possa enfim viver?
Sem me comparar
Sem entristecer
Sem tentar mudar
Sem poder entender.
Não dá
Eu vou ter que sair pra poder voltar.
Me ver
Me achar
No seu olhar
Pra entender o que é o gostar.
Me ver
Me achar
No seu olhar
Pra entender o que é o gostar.
Quem garante
Que o que você é
É o que o outro enxerga?

Tiê.

Constatação

E eu, que tanto quis abraçar o mundo, fiquei sem qualquer abraço.

domingo, 28 de setembro de 2014

Era tudo que eu queria.


Futuro do pretérito.

Olharam-se.
E na brevidade daquele olhar ela buscou algum reconhecimento. Não havia. Eram nada mais que estranhos.
Sorriram, cumprimentando-se, e seguiram.
E mesmo ainda esbarrando-se tantas e outras vezes, nunca mais se viram.


Se.

O primeiro livro que eu lembro de realmente ter lido foi a Marca de uma Lágrima do Pedro Bandeira. Minha mãe que trouxe pra casa. Era um livro que ela havia lido quando era jovem e quando viu, achou que eu poderia gostar. Eu devia devia ter uns 10, 11 anos, sei lá. 
Eu fico me perguntando se todo esse meu jeito ridículo de ser não começou por ai. Porque livros moldam o pensamento, não moldam? E se ela tivesse me dado pra ler, não sei, uma coisa mais séria, mais comprometida com a realidade, nem que tivesse sido a Veja! Será, que não haveria a mínima possibilidade de eu ser uma pessoa emocionalmente diferente?
Porque eu lembro que depois disso, o negocio desandou completamente. Eu lia até aqueles romances meio eróticos de banca de revista, que ela costumava chamar de sub literatura. 
Eu me pergunto isso, porque eu não era assim. Até meus 12 anos eu era a única menina da familia. Três irmãos, infinitos primos. Eu lembro que eu detestava bonecas, porque se eu gostasse, eu brincaria sozinha. Eu gostava era de bolinha de gude, cards, roubar manga no vizinho, correr atrás dos moleques da rua. Eu era a valentona, estilo Monica, mas sem o vestidinho vermelho e o coelhinho. Eu era brigona e nada, nada feminina. 
Minha mãe sempre conta que desde de bebê eu jamais gostei de coisas no cabelo. E quem me comprava roupa era o meu pai, além de que ele mandava cortar meu cabelo num chanelzinho, que eu juro pra vocês, dava pra confundir com um menininho. Eu não era meiga, eu não era sensível, eu quase não era uma menina.
E hoje eu sou esse poço de sensibilidade, que chora desesperadamente, que rima amor com dor, num poeminha cafona ou que usa a palavra coração e amor quinhentas vezes numa frase. Que merda aconteceu comigo? 

Eu amo a minha mãe, mas custava ela ter me dado primeiro pra ler, sei lá, V de Vingança?

Os mudos também amam.

Eu deveria ter ficado calada. Eu deveria ter lido tudo aquilo que você me falava e ficado calada. Respirado fundo e dito a mim mesma que ia até ali a esquina e depois, calma, voltaria para te perguntar como tinha sido. 
Mas eu não fiquei calada. Porque eu nunca fico calada. Acontece que meu coração começou a querer sair pela boca e meus olhos se encheram de lágrimas mais rápido do que eu pude piscar e mesmo com aquele nó que se formou na minha garganta, minha cabeça ficou entupida daquelas frases horrorosas que desataram a sair feito uma chuva pela minha boca, e eu disse tudo aquilo. 
Eu deveria ter ficado quieta, e agido como a pessoa normal e sensata que eu não sou. E talvez eu não tivesse ultrapassado as barreiras da nossa forçada amizade e talvez, só talvez, tivéssemos ficado do mesmo jeito.
Mas eu falei. Mais do que eu queria e muito além do que o nosso contrato de amizade exigia.
E no meio das indesculpáveis coisas que eu te gritei, o meu amor foi sincero. E esse amor bobo e rouco que eu tenho no peito ainda me enche de palavras pra ti. 
Quebrei nosso trato, desfiz nossos laços. Mas ainda não me livrei por inteiro de ti. 
Te afastei com palavras que não podiam ser ditas e agora tenho que viver cheia daquelas que não suportam tua ausência. 
E agora, agora eu me obrigo ao silencio que deveria ter mantido, mesmo tendo um coração esperneando de vontade de te dizer coisas úteis, inúteis, ou fúteis, desde de que ditas a ti. 
Você não podia, nem queria, ouvir tudo que meu peito, inutilmente, tentava te dizer. 
Então eu, que coloquei todo meu amor em palavras, me calei.

Com todo amor entrelinhado,
D. 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Resoluções de um ano não novo.

Vivemos pensando sobre quem somos, onde estamos na vida e o que seremos. Não vivemos? Se você não, eu sim, muitas e muitas vezes.
Eu vivo com essa necessidade de me definir, de dizer "olha, isto eu sou, mas isto não, não sou eu". Como se eu precisasse de uma definição pra caber, um limite pra essa infinidade de possibilidades da nossa existência.

Dizem eles que podemos ser tudo, tantos, todos, quem quisermos ser. E dizendo isso, eles tem a falsa impressão, o ridículo propósito de nos dar a sensação de sermos livres, quando na verdade, é realmente sufocante tantas opções de ser.

Eu sou uma hoje, mas posso ser outra amanha, e isso parece tão perfeitamente normal, por sermos feito todos dessa coisa inconstante. Mas ai vem um e diz que a questão é ser ou não ser, e isso fica martelando dia e noite na minha cabeça. Não fica na de vocês?

Tudo que eu sei, é que no meio de tantas visões de mim mesma, eu não quero o peso e a imparcialidade sem graça, de ser tantas. 
Eu me defino todos os dias, quando digo o que gosto ou não. Mas se são os gostos passiveis de mudança, quem seria eu?

Se eu sou essa que vês, quem sou pra mim, quando não posso me ver?

Eu não tenho nenhuma certeza, mas eu começo a ter uma ideia. 

Nota mental.

Eu já mal lembro do sorriso ou dos olhares, sem falar da voz que eu esqueci completamente.
Os momentos já começaram a se embaralhar na minha cabeça, e eu não tenho mais tanta certeza de ter vivido algumas coisas ou imaginado outras.
Cada dia eu me questiono mais sobre o porque disso tudo.
Eu ainda tenho vontade de ligar, de contar meu dia, de ouvir bobagens.
E cada dia mais essas vontade parecem ir ficando sem sentido, meio perdidas.
E eu percebi que esse tempo todo, eu não estava lutando pra te esquecer.
Estava fazendo o oposto, me recusando a te deixar ir.

Mas um dia desse, depois de, mais uma vez quebrar minha promessa de não te procurar, eu me senti verdadeiramente idiota por acordar essa já quase inexistente lembrança minha que tens ai.
Se eu tenho ainda todo aquele amor, que eu te gritei tantas vezes? tenho sim. E me deu pena dele, um ator perdido, nessa cena boba, todo ultrapassado.

Eu tava tão ocupada lutando contra, que eu comecei a te esquecer e nem percebi.
Espero que estejas feliz.

Com todo amor sem fala e sem papel,
D.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

E se teus monstros saírem de baixo da cama e te abraçarem?

E hoje pela milésima vez eu chorei. Chorei como se houvesse dentro de mim um mundo de coisas que eu precisasse botar pra fora, mas que se recusavam a sair. Eu chorei por todas as palavras não ditas, por todas as vezes que eu fiquei esperando alguma atitude, algum carinho, algum abraço. Chorei por todas as coisas que estavam na minha frente e eu me recusei a ver, e por todas as outras que eu poderia ter visto, mas deixei passar, por estar cega demais. Eu chorei por ele, que nunca poderia ser o que eu esperava e chorei por mim, por esperar coisas além do meu alcance.
Deus, como eu chorei por mim! 
Chorei por todas as vezes que eu fui fraca, confusa, ou que me cobrei demais. Chorei por minha cabeça tão criativa, que vive de imaginar amores por ai, e chorei ainda mais, por ter considerado isso ruim. Chorei por todas as vezes que deixei de me amar ao amar demais alguem. E por todas as vezes que eu chorei e não era por mim. 
Hoje, não sei se pela ultima vez, eu chorei por ele. Mas pela primeira vez em muito tempo, eu chorei por mim. Por quem eu era, por quem eu sou e por quem tenho medo de ser no futuro. 
Porque eu estou sozinha e tenho medo. Tenho medo de ser fraca demais pra ficar sozinha. Tenho medo de me cercar de pessoas por medo e escondida, nunca poder achar a mim mesma. 
Mas apesar de todo medo, de todo choro, eu estava ali. E eu me fiz companhia de um jeito que jamais eu havia me feito antes. E pela primeira vez, meus dedos não procuraram números pra que ligar, ou mandar mensagens desesperadas pedindo abrigo. Pedindo colo.
No meio da minha solidão, sozinha, pela primeira vez eu me bastei. E por mais que eu fosse fraca, e por mais que eu chorasse, eu nunca me abandonaria. 
Eu estava apanhando, e estava aprendendo. 
Mas eu estava ali por mim. E me amava.

Caso você saiba.

Será que alguém, uma dia, vai olhar pra minha bagunça e dizer, eu fico?

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Das coisas que ele não sabe

E antes que ele pudesse saber das minhas pequenas coisas, ele saiu da minha vida. Não deu tempo dele me ver abraçar o travesseiro na hora de dormir, ou saber que o que eu mais gosto em dormir junto é quando os meus pés sempre gelados são aquecidos por outro. Ele nem ficou tempo o suficiente pra me ver desfilar com meu pijama mais surrado aos fins de semana, vestida com a preguiça infindável que eu alimento nos dias de domingo. Ele nunca vai poder reparar que eu asso o pão com a manteiga virada pra baixo, porque na minha cabeça ela fica mais torrada. Ou que antes de arrumar a casa, eu passo horas escolhendo um CD de Forró, porque fica mais fácil dançar com o pano de chão. 
Talvez tenha sido bom, porque ele nunca vai reparar em como as minhas mãos tremem quando meu pais começam a brigar. Ou como eu devoro a comida como se vivesse com fome. Ele nunca vai ouvir minha mãe brincar dizendo que eu não gosto de banho. Nunca vai receber uma ligação no meio da noite, porque os gatos andam no telhado da minha casa e me deixam apavorada. Ou me ver angustiada porque passa da meia noite e meu irmão não chega em casa. Porque ele sequer ficou tempo suficiente pra ver como eu amo meus irmãos.
Ele nunca vai me ver xingar o mais novo e mesmo assim, viver preocupada se ele comeu ou se tá bem. Sequer deu tempo dele me notar, desse tamanho, ficar toda feliz quando o meu pai chega em casa com meu iogurte preferido, como uma criança. E eu nunca vou precisar mostrar meu lado egoísta, porque ele nunca vai pedir um pedaço do meu ultimo pedaço de bolo. Por outro lado, ele nunca vai notar que mesmo não querendo dividir, eu sempre dividirei.
Da minha família, ele nunca vai escutar como eu fui a criança mais péssima de todas, porque ele não ficou tempo suficiente pra ouvir minhas tias contarem minhas artimanhas, ou ouvir minha vó cheia de orgulho falando como era o dengo do meu avó. Ele perdeu me ver emocionada ouvindo ela contar de como meu avó me trazia cachos de banana e por isso me chamava de "Branis".
Ele saiu antes de me ver mudar a minha de cama de lado toda semana, por gostar de mudanças no quarto. Ele nunca vai se atrasar ao sair comigo, me esperando pentear o cabelo de um jeito diferente e nem se irritar por no fim, eu sair com ele igual.
Ele nunca vai perceber que eu escolho shampoo pelo perfume, ou que gosto das pastas de dente que ardem na boca. Ele nunca vai me ouvir dizer que tenho os sintomas de doenças imaginarias, só porque eu vi na TV, ou rir me ouvindo dizer que tenho todos os sintomas de câncer, só porque eu sou hipocondríaca. Ele nunca vai saber que estomazil sabor abacaxi é meu preferido, e eu que tomo ele pra tudo, como se fosse agua, mas odeio boldo.
Não deu tempo. Não deu tempo dele conhecer a filha preocupada, a irmão chata, a neta amada, a neurada da limpeza, a mimada pelos pais, a teimosia em pessoa. Porque ele saiu vendo só a menina toda errada da universidade. 
Ele saiu da minha vida antes de ver todos os detalhes estúpidos dos quais eu sou feita. Antes de ouvir os medos que me tiram o sono, os coisas bobas pelas quais eu rio. Ele pensa que me conheceu o suficiente pra saber que não devíamos estar juntos, sem ficar tempo suficiente pra descobrir as coisas que ele possivelmente odiaria, e tantas outras pelas quais ele relevaria essas. 
E o que importa agora, se ele não ficou tempo o suficiente pra isso importasse alguma coisa?

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Eu queria ser daquele tipo de pessoa cativante, que tem grandes amizades e muitos amigos. Eu queria ser do tipo de pessoa que faz sorrir por ai e tem pra quem ligar em um dia de tédio dizendo "ei, vem me fazer companhia". 
Aquele tipo de pessoa que por onde passa esbarra num carinho, num gesto de amizade, numa cumplicidade. Que por menos tempo que passe em algum lugar, consegue deixar algo, inclusive sua falta. 
Mas eu não sou assim. Eu sou fechada e tão irritante quanto irritável. Se tenho dois ou três amigos nessa vida de bilhões de pessoas é muito. Passo invisível e incompreensível por todos os cantos. E por onde passo, esbarro em desavenças, controvérsias e falsas palavras. 
Num dia vazio de companhias, minhas inúmeras ligações me servirão apenas para colecionar desculpas. Não há quem queira estar comigo ou se fazer presente.
Passe o tempo que passar, tudo que consigo é seguir em frente como se meus passos nunca tivessem pisado qualquer caminho. 
Essa sou eu. Invisível. Visivelmente vazia e inalcançável. 

sábado, 5 de julho de 2014

Incapaz.

Sabe amor, sempre me falaram que ninguém te acha assim, propositalmente enquanto te procura. Somos sempre encontrados por você. Mas olha, não perde teu tempo comigo não? Eu não sei como você escolhe quem é bom o suficiente pra você, mas definitivamente eu não me encaixo nos teus padrões. E mesmo que ficássemos frente a frente, eu seria incapaz de te reconhecer.
Eu preciso te contar, amor, que da primeira vez que pensei que tinha te achado, gastei todas minhas palavras com eu te amo gritados no vazio, a ponto de perder, em vão, a voz. Se você me aparecesse hoje e me perguntasse algo, não seria capaz de te dizer coisa alguma. O meu primeiro falso amor me deixou muda.
Da segunda vez, descuidada, pensei ter te ouvido. Ao me aproximar e ver que me enganava mais uma vez, a solidão gritou em meus ouvidos. Se você chamasse meu nome, amor, eu seria incapaz de te ouvir. Meu segundo falso amor me deixou surda. 
Um dia, distraída, sem já falar ou escutar direito, pensei ter visto. E o engano brilhou tão forte em meus olhos quando me aproximei do que pensava ser você, que não pude ver mais nada. Meu terceiro amor de engano me deixou cega.
E assim, amor, cega, surda e muda, eu te peço. Se me vires por ai descontente, deixa-me em paz. Enquanto ainda tenho coração.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Sobre.

Ela ainda não havia mudado muito, sabe. Não é tão rápido assim que se deixa de ser que se é. Ela foi moldada no romantismo daqueles poetas exagerados, a ver romantismo em cada canto da casa, da vida, das pessoas. Ela respirava amor e todo aquele amor utópico lhe transparecia. Ela não sabia viver de outra maneira que não romantizando cada suspiro.
Mas a vida é má e nada romântica. Se poe a destruir sonhos de bobos que acham-se capazes de construir castelos de cartas em temporais. A vida é a mais brava de todos as ventanias. E ela logo percebeu que não se encaixava naquele mundo tão cinza, e real.
E ela caiu, uma, duas, três, incontáveis vezes. E chorou mais do que qualquer bêbado vendo o bar fechar as portas. Ela aprendeu a ser dura, e esconder tristezas e cobrar sorrisos. Ela queria esquecer todo e qualquer romantismo que ainda ousasse borbulhar em suas veias. Ela queria matar o mundo que obrigou seus sonhos a morrerem.
Mas ela não mudou. Por trás do seu ausente sorriso, seus olhos ainda brilham. E mesmo não querendo, e contra todas as improbabilidades da vida, ela ama. Ama rápido, e com a pressa de uma fugitiva. Ninguém pode saber que ela ama. Nem ela as vezes desconfia. Mas por trás de todas as palavras vazias de sentimentos que oferece aqueles que a cercam, há um resquício inapagável da sua mais ridícula e imortal fraqueza: ela ainda sabe amar. 

domingo, 15 de junho de 2014

Jogue a toalha.

Perdoa a loucura e a falta de tato, mas desisti de mim, ok? Perdoa a desordem e os pedidos de desculpas. Mas me faz um favor? desisti de mim sim!
Desisti como eu desisti de você. Porque eu estou verdadeiramente cansada de precisar pedir desculpas por quem eu sou. Sim, sou tudo isso que você vê e não suporta. Cada centímetro de mim é um erro que você disse amar mas detesta. E eu não preciso me recompor ou me ajeitar. Eu só preciso aceitar que o maior dos meus erros foi você. 
Então chega disso. 
Assume que eu sou teu maior erro e você meu maior fracasso. 
E desisti. Como eu desisti de você, pra não ter que desistir de mim.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Conte um conto, e conte a solidão.

Enquanto tornava a encher seu copo pela décima vez, sentada sozinha naquela mesa de bar, pensava em como tudo tinha acontecido. Aquele definitvamente não era um bom dia para se estar sozinha. Mas com certeza não era bom o suficiente para se estar mal acompanhada. Ela já estava acostumada com essa sensação de que as pessoas que a rodeavam não era suficientes. Faltava algo, ou alguém que fizesse aquele melhor vestido rodado que estava vestindo valesse a pena de ser visto. Mas ela tinha feito de novo, isso de estar sozinha. Nem sempre a culpa dela, e ela sabe disso. Mas ainda assim, nesse dia, sentia-se pateticamente sozinha. Onde estaria aquilo que todos parecem ter, exceto ela? Ela estava ali, impecavelmente vestida pra ninguém. Nem mesmo pra si mesma. Não tinha ninguém. Nem paciência. Nem expectativa. Mas ela tinha um copo e uma garrafa interminavel de uisque. E bebia, sozinha, sentada numa mesa de bar. 
Era no fundo do copo, de gole em gole, que ela encontrava o amor.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Meu coração não é apenas um poço até aqui de magoa, como disse o poeta. É um caixa vermelha que todos os dias bombeia amor pros meu olhos e me faz ver a vida. Uma caixa onde eu guardo lembranças bonitas, ou não. Mas lembranças que me constroem e me definem.

Meu coração é uma caixa. Livre, aberta.
E é meu. E independentemente de tudo, bate.

domingo, 1 de junho de 2014

Que tudo passe.

E me ultrapasse.


quarta-feira, 14 de maio de 2014

3/18

(...)

Eu tenho corrido ouvindo música. Comprei três livro em inglês, sendo um deles "ser como um rio que flui" do Paulo Coelho, que eu tanto gosto. Já consigo manter uma conversa em inglês e a professora diz que vê meu progresso. Já sei pedir coisas em húngaro e reconhecer palavras. Também sei agradecer e cumprimentar. Já conheci 3 países e estou a caminho do 4.  Comprei o vestido mais fofo da face da terra e agora uso oculos. Continuo lendo muito, mas agora tambem escuto. Todas as minhas séries estão em dia e eu continuo chorando com greys anatomy. Ainda me acho ridicula tentando dançar musica eletronica mas já não me importo tanto com o que pensam os outros. E fazem 3 meses que não me peso. E realmente não ligo. Meu cabelo tá grande. E minha preguiça cada vez menor.


Faltam de 15 meses.  E eu ainda quero um nós, mesmo não ousando dizer.
Ainda é amor.

D.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Lixo.

A verdade é que você me sufoca. Sufoca ter tantas palavras pra te dar e ter que engoli-las a seco. Te ver me sufoca e me afoga. Me afogo no amor que não posso te dar.
A distancia aumenta a cada dia e isso me mata. Eu vou perdendo contato, teu tato, nossas lembranças.
Eu consigo me sentir sendo substituída na tua vida, de braços atados.
Te vejo em obras, modificando e me esvaziando dos teus espaços.
E eu vou gritando teu nome no vazio que vai ficando, e você só escuta os resquícios do que sentia por mim ecoando nas tuas paredes recentemente pintadas.
Porque a distancia me tira de ti cada vez mais.
E tudo que me sobra é me sufocar com a parte de mim que você ajudava a carregar.
E eu, que era tão tua, tenho que me receber de volta, vazia e perdida.

O que eu faço comigo, ainda sendo tua? 


terça-feira, 15 de abril de 2014

Nem sei.

Sei lá, é só como se eu não estivesse sendo eu longe de você, entende? Como se as coisas se perdessem no meio. 
Eu sou feliz e feliz e feliz. E me encho de sorrisos, até fazer ecoar minha risada. E tenho mãos pra segurar a minha, e abraços dados e recebidos.
E eu sou feliz. Mas eu não sou eu. 

Porque eu, de verdade, ainda não aceito não ter você no meio da historia. 
Como se você tivesse corrido com os pontos finais de toda escrita da nossa historia. E me obrigasse a continuar reescrevendo versões dos fatos onde você não existe. Cada qual vem com um conto e me presenteia com um ponto a mais. 

Mas o eu, da nossa velha historia, ainda continua aqui, perdido, talvez ultrapassado, mas à espera de você achar o caminho de volta e voltar com nossos pontos pra continuarmos na mesma linha.

E então fazermos sentido.

domingo, 6 de abril de 2014

Das cartas que nunca serão lidas.

Você provavelmente seguiu sua vida. Evita pensar em mim, ou lembrar que eu existo. Provavelmente apagou nossas fotos e a lembrança do meu sorriso. Me apagou e eu senti aqui. Juro que eu pude sentir. E sinto todos os dias. 

Sinto quando vejo cenas bonitas e quero correr pra te contar. E quando me lembro que não existe mais pra onde correr. 
Sinto quando quando tua voz me faz falta e quero te ligar. E me lembro que não existe mais numero pra o qual discar. 
Sinto quando me falta um abraço no final do dia e quero te encontrar. E me lembro que te perdi em alguma parte do caminho da qual não consigo mais te encontrar. 

E sabe. Você sempre teve razão em tudo. Sobre se fechar. Sobre não compartilhar. Sobre a hora de esquecer e continuar. E você conseguiu continuar. Porque você provavelmente não sabe disso, mas sempre foi mais forte que eu. Eu nunca consegui manter a boca fechada ou as mãos paradas. E quando foi preciso desistir, eu continuei. Eu sempre perdi o momento de parar. Eu e minha mania de regar jardins mortos que nunca florescerão novamente. 

Mas tem uma coisa que você não sabe. Hoje que tomei coragem e segui em frente. Você teria orgulho de mim. Hoje eu te deixei pra trás e mesmo morrendo de medo, eu não me virei pra olhar. Deixei tua imagem sorridente parada na esquina e continuei. 

Teu cheiro, tua voz, teu sorriso. Você por inteiro. Tuas memorias agora tem prazo de validade no meu coração. 
Te transformei num retrato pendurado na parede de mim. E que o tempo vai se encarregar de deteriorar.
E então a validade desse amor terá vencido. 
E terão se desfeito todos os laços invisíveis que havia.


Com mais amor do que eu queria que fosse, 
D.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Se deixe ir ao fogo.

Nunca tive muitos amigos ou sai muito de casa. Não era de brincar em parques ou encher a casa de pessoas ou passar o dia na rua, de modo que as recordações que tenho da minha infância são os livro que li.
Minha mãe é professora, apaixonada por literatura (e pasmem, gramática) e todos as semanas pegava livros emprestados na biblioteca da escola em que trabalhava, enchendo meu dia de historias.
Porque eu to falando sobre isso? Porque esses dias eu estive aqui remoendo meus medos e minhas inseguranças e sempre encontrando novas maneiras de cometer os meus mesmos erros de sempre. E então eu me lembrei de uma vez em que ela chegou em casa toda contente, depois de um dia cansativo com" seus meninos", como ela chamava seus alunos, e me veio toda sorridente com um livro, segundo ela, de seu autor favorito. 
Foi a primeira vez que eu li Rubens Alves. Era um livro azul, relativamente pequeno com apenas uma meia lua amarela na capa e o titulo "O amor que acende a lua".  É um livro de contos, e entre tantos contos, essa manhã eu acordei lembrando da historia da pipoca. 
Rubens Alves nos compara a uma pipoca. Nós, quando submetidos ao fogo, sentimos medo, e quando pensamos no que seria o fim, estouramos e nos tornamos aquela coisa macia e fofinha que chamam pipoca. 
(Quem me conhece, sabe o quanto metáforas me fascinam. Sempre consigo fazer as comparações mais malucas que se poderia pensar. E foi com essa que Rubens Alves me conquistou.)
Se engana quem pensa que a historia da pipoca para por ai! Ainda tem o tal do "Piruá". O milho medroso que se recusa a se abrir ao novo, e quando termina a alegria do estouro termina sozinho na panela e acaba no indo do lixo. 
Esta manhã eu acordei me sentindo mais piruá que pipoca. E fiquei com medo, do fogo estar começando a diminuir e eu nunca mais poder me tornar pipoca. 
E eu resolvi parar de sofrer e parar de rever tudo. Deixa passar. O que passou ja era, sofrer vai mudar? Pelo tanto que eu já me fiz sofrer, eu acho que nem preciso de resposta. 
E eu decidi deixar de lado. Só as tristezas e as coisas ruins que tomam meu tempo. Porque agora eu estou no fogo, e eu não quero perder as faíscas, a felicidade ou o burburinho do estouro.
Quero que me deem licença, porque a minha vida tá acontecendo agora. E eu preciso estourar. 



"Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á".A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.

Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira..." (Rubens Alves, A pipoca.)

terça-feira, 25 de março de 2014

Amar, do verbo Caber.

Eu fico tentando me diminuir pra ver ser consigo caber num abraço.
Eu fico amenizando meus defeitos afiados para tentar não machucar.
Eu fico me fazendo de cega, pra quem sabe alguem me enxergar.
Eu fico me modificando, só pra alguem me aceitar.

Mas um dia eu vou acordar, e perceber.
Que o abraço perfeito vai me caber por inteiro.
Que meus defeitos vão machucar, mas não vão doer.
Que mesmo invisível, eu serei vista.
E que toda errada, eu serei aceita.

Porque pra ser amor, eu preciso ser eu.
E apenas.

Nada mais desnecessário que o acaso.

Dizem que o amor só acontece quando se está distraído. Eu vivo me perguntando o quão distraída eu precisarei estar pra encontra-lo. E se eu, distraída, passei do ponto, e ele passou de mim? E se um dia ele esteve ali, e eu por distração, o perdi? Sabe, eu sou naturalmente distraída. E tenho a impressão de que o amor anda distraído demais pra me encontrar. Ou vai saber. Talvez seja necessário a medida certa, exata.

Nesse caso, fudeu.
Sou distraída demais e equilibrada de menos.


(Passa reto amor, não fui feita pra você. Definitivamente.)

quinta-feira, 20 de março de 2014

Fim de jogo.

Um dia eu vou virar o jogo. Quando a milesima partida estiver quase perdida, e mais uma vez o jogador do time adversario estiver pra me acertar. Quando eu estiver prestes a cair, e o chao se aproximar. Quando o placar estiver incrivelmente contra mim, e toda torcida contra. Então, quando tudo parecer inevitavelmente perdido, eu virarei o jogo.
E nessa hora, meu coração perdedor vai dar sua ultima batida. E todos pensarão que perdi de vez o jogo. Mas quando ele parar de bater, então, tudo estará ganho. Porque nada mais poderei perder.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

=\

Meu coração tá na mão. Minha cabeça confusa vem de novo fazendo confusões absurdas e me tirando do eixo. Até quando eu continuarei sendo esse poço profundo de sentimentos que transbordam e inundam a alma? Até quando não terei ação, deixarei minha vida ser comandada pela velocidade de meus batimentos cardíacos? até quando serei esse ser humano patético que acredita na mentira mais cruel inventada pelo mundo, o amor?
Eu perco o rumo, o eixo, o folego. Perco a voz, o jeito, o sossego. Mas não perco essa estúpida mania de esperar ligações, beijos, olhares, cuidados.
Quero viver e não posso. Minha vida tá presa à porta de algum desavisado. 

OZ, ME TIRA O CORAÇÃO.

Prefiro ser lata. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Nada de mais.

Não sou muito bonita, nem incrivelmente engraçada. Não sou cheia de assuntos interessantes, nem muito inteligente. Não sou rica, nem nenhum ícone da moda. Não sou famosa, nem uma grande artista. Não canto nada, muito menos toco. Não tenho grandes planos, ou grande futuro. Não chamo atenção pro onde passo, nem sou grandemente intencionada. Não sou grande pessoa, tão pouco sou alta.
Sou tímida, irrelevante e ligeiramente insignificante.
Sou caótica, confusa e profundamente deprimente.
Tenho tudo e não me contento com nada.
Eu sou alguém, e ninguém sabe.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

...

O amor não me bateu a porta.
 Não me devorou por inteiro. 
Não me calou a boca, 
nem enxugou minhas lágrimas.
 O amor me deixou a mingua,
 me fez sofrer o diabo,
 me disse que não era perfeita, 
nem que merecia nada. 
O amor me chutou quando eu já estava caída. 
O amor não me plantou sorrisos, 
nem amenizou minhas magoas.
 O amor não fez meu coração bater, 
nem me deixou mais forte. 
O amor me fez perceber que dessa forma, 
não era amor.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Mais do mesmo.

Eu queria o pra sempre.

Queria a leveza de um amor seguro, queria a segurança de um amor tranquilo. Eu queria o amor. Queria o amor dos teus olhos, e do teu sorriso. Queria que quando tua mão segurasse a minha, todos os milhões de pensamentos que invadem minha cabeça e me atormentam parecessem apenas algo insignificante se comparado ao teu toque. Teus menores gestos fazem meu coração achar o peito um lugar demasiadamente pequeno pra bater. Qual o maior clichê do amor que não aquela euforia desmedida de quando o telefone toca e você deseja ouvir o alô de apenas uma pessoa? Eu quero todos os clichês.

Eu quero tudo, tanto e quero pra sempre.

Como se o amanhã fosse pequeno demais pra o tamanho do amor que eu sinto, e a ideia de te ter hoje não bastasse pra tanto querer. Eu quero todos os quereres contigo. Eu quero tudo. Eu quero toda a imperfeição dos nossos defeitos. Eu apararia todas as arestas pra me encaixar no teu abraço. Eu queria caber. Eu só queria estar. O que eu mais queria era permanecer.

Mas o que eu tenho?
Apenas um amor incontável e um punhado de dias contados no dedo. Eu tenho esses milhões de medos. Eu sou apenas esse quadrado que não roda. Eu não sou nada comparada ao tempo.


Eu tenho um amor que se perderá no mundo. E de todos os clichês cabíveis ao amor, eu queria apenas um.

O amor possível.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Onde vivem seus monstros?

Tenho uma porção de monstros guardados em mim. 
Cada vez que que calo, que abaixo a cabeça, que me deixo levar. Cada vez que me volto pro nada, que me escondo, que finjo não ver, ou que fecho os olhos. Sempre que fujo, que corro, que sumo.
Estão todos lá. Apenas me olham, sem jeito, como se entendessem. Porque fazem parte de mim, como faço eu deles.
Não são maus, mas me assustam. Me assusta a velocidade com que ganham força, a força com que gritam quando me calo. 
Nunca assumem o controle mesmo quando perco o controle de mim.
Não me abandonam, me acenam simpáticos do espelho todos os dias, sempre a espreita.
Meus monstros vivem em mim, e me sorriem.