sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Disse não gostar dela. Disse-lhe que era apenas bonitinha, sem grande exageros, ou coisa especial. No entanto, nunca passou mais de dois segundos ao seu lado, tempo em que a veria colocar os cabelos atrás da orelha de forma a ver bem seu rosto corado ou seus olhos tímidos. Ou de vê-la sorrir e poder ver as covinhas tão bonitas que aparecem em suas bochechas. Nunca ficou por tempo suficiente pra ver seus trejeitos doces enquanto conversa, ou sua voz suave enquanto fala.
Não ficou porque não a achou interessante, disse não haver assunto, que não haveria conversa, que ela até poderia ter algo a mais que, no entanto, não havia encontrado.
Isso porque estava tão preocupado em ser conquistado, ou avaliar se os amigos apreciariam a nova conquista que não percebeu que o que impedia o assunto era ele e não ela. Se estive disposto, ou aberto, a veria sorrir e cantarolar as músicas de que gosta, ou se surpreenderia com o modo como ela conversa sobre o que gosta, como o assunto flui depois de passada a timidez. A ouviria falar sobre seus livros, sobre suas musicas, seus sonhos infinitos e a infinidade de coisas que assim como todo mundo, gosta.
Se quisesse, a teria visto falar por horas, a sorrir, a cantar, ou estalar os dedos enquanto fala.
Mas ele não ficou ali, por que a julgou diferente, fora dos padrões, do seu tipo.
Ele não a ouviu, ele não a sentiu. Nem sequer se deu a oportunidade de deixar-se apaixonar.
Porque no fundo, ele não a viu.
E vai sempre faltar algo nela que chame sua atenção.
Porque nessa eterna vitrine em que vivemos, não há espaço pra quem não é superficial.