sexta-feira, 12 de junho de 2015

Eu te amo. Mas sem te querer.

Não tenho mais vontade de te dizer palavras de amor. Não tenho vontade de gritar meus sentimentos ao mundo e fazer virar manchete meus batimentos cardíacos quando você dá noticia. Perdi a vontade de fazer alarde sobre o que sinto, de te chamar atenção como uma criança, de fazer drama pra ter tua audiência. Perdi a vontade de te acenar de longe, de te mandar sinais de fumaça, de te escrever cartas. Não perco mais noites de sono pensando em segurar tua mão, tirei dos meus calendários os planos pra nós, arquivei nossas fotos e substitui nossas musicas por batidas só minhas. Já não te vejo mais em todos os rostos que esbarro, e já sou capaz de ver outros olhos que não os teus. Tua voz já não me faz tremer, tua falta de mensagens não me dói, teu descaso já não me incomoda. Meus dias são meus e não tenho mais vontade de compartilha-los contigo. Aprendi a dançar essa dança sozinha, e rir na pista, porque é nela que eu estou. 


terça-feira, 9 de junho de 2015

Queria escrever algo que não fosse sobre mim.

Chove. 
Gostas respingam cadenciadamente 
sobre telhados curvos
 e deslizam
 feito dança, chão a dentro. 
Pingo a pingo 
ritmadas.
 Sonoricamente corajosas
 cantam.
Deixando o céu 
e, 
 ganhando mundo
chovem.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Mais de mim.

Eu não sou de guardar palavras. Nunca fui. De inicio você pode pensar que eu não falo muito, porque me reservo a timidez de primeiro ouvir. Mas passado os primeiros encontros e formados e fortalecidos os laços, serei aquela que fala o que pensa, as vezes desmedidamente, é verdade. 
Não pense que por isso te digo que tenho fortes opniões ou grande ideias, pois não tenho. Eu tenho apenas uma vontade imensa de falar o que me vem a cabeça, por ter pra mim a ideia de que nunca fui capaz de guardar a palavra, que a palavra dada é carinho, é presença. Palavra essa que eu admiro. Seja escrita, ou falada, será pra mim antes que tudo, sentida. 
Eu sou isso, que você vê e lê e escuta. Essa confusão de palavras, esses sentimentos todos, que a principio podem te parecer afoitos, desconexos, cansativos. Mas isso tudo sou eu. E se você não me lê, não me ouve, e acaba não me enxergando, ou me conhecendo. 
Te reservo o direito a escolha, como me reservo o direito de ser aquilo que escolhi ser. Meus pais me ensinaram a amar em abraços e palavras, e isso é quase tudo que eu sou. 

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Quase nada.

Ninguém viu. 
Não era ninguém, como veriam?
Só se vê grandes pessoas e feitos imensos. 
Mas eu vi. 
Por mera distração.
Não é sempre que figuram tão grandes pequenos feitos no meu jornal de pequenas coisas. 
Estava lá, parada. 
Invisível no meio de tanta pressa, de tanta busca por espaço. 
Parada.
No meio de tantas carrancas, de várias cegueiras, imperceptível. 
E eu vi. 
No meio de toda aquela gente, do outro lado da rua. 
Sim, eu vi. 
Parada no tempo, no meio do meu dia cinza,
a moça sorriu.
E eu sorri também.
Porque eu vi.