domingo, 18 de janeiro de 2015

Sobre dois instantes quase eternos de raiva.

Chegou numa hora da madrugada que eu não conseguia mais chorar. Simplesmente não havia mais nada ali pra ser colocado pra fora. Eu havia chorado tudo, por tudo, fosse parcelado ou de uma vez, eu chorei uma vida inteira. E sequei. Sequei cada gota de tristeza do meu corpo, até que restasse uma raiva tão grande e tão profunda de mim, apenas de mim. Porque, olha, eu posso ser egoísta, e boba e dramática e ter todos esses bilhões de defeitos que eu já cansei de encarar no espelho todos os dias. Mas eu jamais botei a culpa em ninguém, além de mim. Se eu amei, foi por minha culpa. Se eu chorei, foi minha culpa. Se eu decidi ser feliz, foi por minha culpa. Cada lágrima que eu derramei, foi por não ter sido forte o suficiente. E a culpa é minha. E eu estou com raiva. Raiva por um coração tão meu, tão ridículo. Tanta raiva que eu não consigo chorar. Não mais. Uma raiva de mim. Por ser tão eu, por ser tão tudo. Por querer carregar o mundo, e tropeçar com o peso. E cair de cara, e cair no chão. E por gostar da vista. E ficar aqui. Caída. 


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