domingo, 15 de março de 2015

Das lembranças.

Meu avó chega na casa de madeira simples, naquela cidade do interior onde o tempo novo parecia ainda não ter chego. O relógio, lembro bem, daqueles de tic-tac, preto, com uma flor bonita vermelha no centro, devia bater alguma hora perto das seis. Vai saber. Queria mesmo era lembrar do relógio, que era xodó da minha vó. 
Ele larga a cesta cheia de peixe e orgulho na pia, e o cacho de banana que trouxe pra mim em cima da mesa de madeira gasta na cozinha. Me sorri. 
Senta na mesa, e grita pra minha vó, no quintal, que prepara o fogo a lenha pro assado de mais tarde "Minha velha, cheguei! Traz um café pra eu tomar com essa pequena" 
Minha vó entra na cozinha com seu coração do tamanho do mundo, passa as mãos na cabeça do meu avó, e lhe dá um beijo grande onde já não há cabelos. 
"Quer me ajudar?" Ela sorri pra mim. 
Eu vou, pequena e cheia de vida fazer a parte que me cabe no ritual de chegada do vó. Ponho a caneca dele na mesa que eu mal alcanço. Ele ri e me poe no colo. Vovó faz tapioca no fogão. Vovô aperta minha barriga e faz sons engraçados pra eu rir.
Era o ensino do amar. 

Era o amor.

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