segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Sobre como eu seria feliz num milésimo de segundo.

Eu queria desligar. Era pedir muito, deus? Desligar tudo por uma mísera fração de dois segundos. Um. Meio. O que tempo que me fosse permitido. Eu aceitaria tudo, qualquer pedaço de  tempo, que pudesse me ser concedido. Desde que tudo parasse. Tudo. A cabeça, o coração, o corpo. Todo os fios que se ligam uns aos outros e movem essa maquina dramaticamente perturbada e psicótica chamada de Eu. E por alguns segundos, detrás do vidro sujo dos meus olhos, a alma dormiria quieta e profundamente. Sem batimentos. Sem pensamentos. Já não seria preciso ver a madrugada entrar pela janela do quarto enquanto a mente se inquieta pensando o que ele estaria fazendo. O que que ele estaria pensando? A vida dormiria. Por alguns segundos, o mundo poderia acabar. Explodir. Você, ele, qualquer outro, tudo. Tão desnecessariamente indispensáveis nesta vida, minha vida, vida? não seriam nada. Porque por alguns segundos, não existiria vida. Não existiria nada. Desligado. Imóvel. Em paz. O silencio do outro lado do mundo já não machucaria a boca que quer tanto falar. E por segundos, se juntaria ao silencio do escuro que é não sentir nada. E eu descansaria. Nada mais precisaria fazer sentido, ser entendido. A ligação que não veio. A resposta. A falta de carinho. Nada. Mesmo que por uma quantidade ínfima de segundos, não haveria saudade, não haveria amor, qualquer sentimento. Ou vontade. O sentimento de vazio que me não me deixa dormir. E eu, meu deus, eu dormiria. Incrivelmente cheia de nada por estar vazia de tudo.
Mas é pedir muito. Eu sei.

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