quarta-feira, 27 de maio de 2015

Devolvido ao remetente.

Hoje faz um mês que nos desconhecemos. Será que faz mesmo? Talvez eu tenha perdido as contas ou parado de contar quando finalmente fechei nossa porta. Eu fechei ne? Fechei sim. Mesmo te tendo amor. Mas você entende né? Eu não podia mais continuar nessa caminhada sozinha. Eu não podia mais insistir sozinha. Você se afastava rápido demais, sempre que tinha chance. Palavras suas, não minhas. E cada vez que você ficava distante eu nadava e nadava e nadava no vazio tentando te alcançar. E eu me achava uma marinheira louca e ficava com medo de você ter pulado do barco, com medo de onde isso ia dar. Que você tinha medo eu sabia. Mas eu sempre achei que era de mim. E eu me diminuía pra não te assustar. Eu ficava engolindo amor e mais amor, na esperança de você me achar normal e continuar remando comigo. Mas eu tava só me afogando enquanto você se afastava mais e mais.  Porque eu achei que juntos buscávamos por terra, quando na verdade você era sua própria ilha.  Mas solidão de ilha não me cabe, sabe? Muito pequena pra dois. Eu queria e ainda quero praia. Acontece. Não era pra ser. Nosso barco era furado e a gente errou e falhou em tentar tampar tantos buracos. Só não era pra ser. E infelizmente, eu tive que aprender a nadar sozinha, porque meu bem, ainda que por agora eu não veja, mais a frente tem terra a vista. E uma praia me espera.

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